A compra de casas em Portugal tem estado a arrefecer, perante os elevados custos da habitação, a par dos altos juros nos empréstimos e baixo poder de compra, que se continuam a fazer sentir. E este arrefecimento da procura de casas no país tem-se refletido nos preços. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela esta terça-feira, dia 23 de abril, que o conjunto de habitações vendidas na reta final de 2023 teve o custo mediano de 1.619 euros por metro quadrado (euros/m2), um valor 7,9% superior face ao período homólogo. Mas em comparação com o trimestre anterior, os preços das casas em Portugal caíram 1,3%, uma tendência sentida em 14 dos 24 municípios mais populosos, Lisboa e Porto inclusive.
“No quarto trimestre de 2023, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1.619 euros/m2, correspondendo a uma taxa de variação homóloga de 7,9%”, começa por destacar o INE no boletim publicado esta terça-feira, dia 23 de abril. Desde logo, salta à vista que os preços das casas desaceleraram, já que a variação homóloga é inferior à registada no trimestre anterior (10,0%).
As famílias que residem em território nacional também compraram casas mais baratas entre outubro e dezembro de 2023 do que no trimestre anterior: o preço mediano de 1.584 euros/m2 foi 1,1% inferior. E o mesmo se observa no caso dos estrangeiros, já que o custo mediano das casas vendidas a estes compradores foi de 2.241 euros/m2, menos 2,4% face ao registado três meses antes. Esta queda dos preços das casas compradas por estrangeiros foi sentida nas transações levadas a cabo por quem vive fora da união europeia (-9,7%), já que quem vive no espaço europeu acabou por comprar casas 3,1% mais caras.
Já em relação ao período homólogo, o valor mediano das casas vendidas em Portugal envolvendo compradores residentes em território nacional foi 8% mais elevado. E os compradores estrangeiros adquiriram casas por um preço mediano semelhante (0,1%). Apesar desta evolução, os estrangeiros continuam a comprar casas 41% mais caras do que quem vive em Portugal.
14 municípios populosos sentem preço das casas a cair no final de 2023
Contam-se 14 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes que sentiram os preços das casas a cair entre o último trimestre de 2024 e o trimestre anterior. As maiores quedas foram sentidas em Matosinhos (-14,4%), seguido do Porto (8,7%), Funchal (8,4%) e Barcelos (-8,1%). E as menores descidas do custo da habitação neste período foram sentidas em Vila Nova de Gaia (-0,8%) e em Lisboa (-1,9%).
Já em termos homólogos, “ocorreu uma desaleração dos preços da habitação em 18 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, incluindo todos os municípios da Grande Lisboa, Península de Setúbal, com exceção do Seixal, e Área Metropolitana do Porto, exceto a Maia”, destaca o INE. No município do Porto, os preços das casas continuaram a subir a menor ritmo (registou um decréscimo de 11,9 p.p.) e o mesmo se observou em Lisboa (-5,7 p.p.).
Nos outros seis municípios mais populosos sentiu-se uma aceleração do crescimento dos preços das casas, destacando-se a Maia (mais 7,8 pontos percentuais, p.p.) e Vila Nova de Famalicão (+6,5 p.p.). “Oeiras foi o único município a registar um decréscimo no preço mediano da habitação face ao trimestre homólogo, de 2,8%”, lê-se ainda no documento.
Sem surpresa, foram os municípios de Cascais (4.176 euros/m2), Lisboa (4.086 euros/m2) e Oeiras (3.096 euros/m2) que apresentaram os preços da habitação mais elevados do país. Já os municípios populosos que apresentam preços das casas mais baixos são Barcelos (1.129 euros/m2), Guimarães (1.233 euros/m2) e Santa Maria da Feira (1.252 euros/m2).